desencanto,
oração, ânimo e agradecimento.
Realidade e metáforas do envelhecer
Realidade e metáforas do envelhecer
1) Último desencanto
“A velhice é o último
desencanto” —
é isso que, às vezes,
eu já tenho dito.
Ancião, sozinho,
passa a noite aflito,
sem ganhar sequer um
minguado acalanto;
não recebe luz,
aconchego em seu canto.
Apenas um filho vem
dar assistência.
Ficam os outros "perto", em longa pendência:
cada qual nos seus festivais
e afazeres;
tem mais pressa com
os seus filhos e haveres
do que tem com os
seus velhos pais em emergência.
2) “Bandeira
levantada”
“O idoso e a arte de
envelhecer” *
é um tema que nos
preocupa demais.
Quer sejam estranhos,
ou os nossos pais,
precisam de todos para
os proteger.
A longevidade já
tende a crescer:
é urgente pensarmos nessa
projeção.
Por necessidade de
adequação
a essa realidade
brasileira,
vamos! “levantemos
mais esta bandeira”
em nome do idoso e em
sua atenção!
*
Tema do Concurso Literário – 2017 da ALAP.
3) Arte, vida e tempo*
"A arte é [tão] longa! [Mas] "a vida é breve".
"O tempo é síntese" pela qual passamos;
e tem mais valor,
quando valorizamos
“aqueles a quem a
família mais deve”.
Se a vida passar, rápida como a neve,
que a arte da vida
possa perdurar!
E na permanência, consiga
ensinar
um “modo de
envelhecer” mais contente
a toda pessoa (cuja
idade aumente)
sem achar um jeito de
se animar.
* Slogan
da ALAP: “A arte é longa. A vida é breve. O tempo é síntese!”.
4) Final de festa renovada
Para ficar velho, é
preciso ter arte.
“Velhice é um bolo no
final da festa” —
do qual muita gente
deseja o que presta
e acaba levando
consigo uma parte.
Saber o restante, com
quem se reparte,
é tão relevante como
é a fatia:
ao dar um pedaço, ter
nova alegria;
e a cada alegria,
mais um renascer.
E assim demoramos a
envelhecer,
“na festa que a Vida
faz a cada dia”.
5) Pedido a São José
São José, ó Vós, que
sois O Padroeiro
das Famílias e da
Família Sagrada!
Alegrai a mãe
idosa abandonada
e ao pai
ancião no último paradeiro.
A Velhice faz dele um
hospedeiro
e faz dela uma pobre
desvalida.
Ó José, que tendes
missão concebida,
sabeis muito bem o
que é Carpintaria;
fazei "muita
mesa e caixão de alegria"
que salve o
idoso — ainda "nesta vida"!
6) Adulto iluminado
O próprio adulto bem
que poderia
“viver seu papel
natural e brilhoso”:
sentir-se feliz ao
ficar mais idoso
com todas os astros
que o servem de guia.
Se fizesse isso,
depois acharia
mais sombra e água
fria debaixo do Sol.
Em noites escuras,
teria um farol
que o iluminasse até
amanhecer;
“rejuvenescia, ao
envelhecer —
ao canto do cisne ou
do rouxinol”.
7) Sexagenário
sonhador
Seis décadas felizes,
eu já completei.
Vou passar um flash com
o qual avanço:
ganhei e perdi, porém
ainda alcanço
tesouros guardados
que sempre juntei;
vou me recordar do
quanto já amei,
recebendo glórias e
sofrendo danos.
“Eu quero viver
outros sessenta anos”,
pois, quando virei o
rápido calendário,
tornei-me um idoso —
um sexagenário
repleto de sonhos, de
vidas e planos.
8)
Agradecimento bem-humorado
Ó
Mãe Natureza, eu vos agradeço
por
ter o meu corpo de pé, em ação —,
podendo
andar pouco, ter locomoção
(passar
mais à frente, dando algum tropeço);
Na
rampa, na escada, também subo e desço
(com lenta passada, com dificuldade).
Mas
não sinto efeito do “peso da idade”.
Reajo
tal quais os guerreiros romanos
e
ainda me sinto entre os veteranos
“feliz
andarilho com mobilidade”!
Notas:
1) Poema da nossa autoria em referência ao Concurso Literário – 2017 da Academia de Letras e Artes de Paranavaí (ALAP) cujo edital está publicado na Internet. Estrofes: décimas; verso hendecassílabo (11 sílabas métricas); rimas intercaladas abbaaccddc.
1) Poema da nossa autoria em referência ao Concurso Literário – 2017 da Academia de Letras e Artes de Paranavaí (ALAP) cujo edital está publicado na Internet. Estrofes: décimas; verso hendecassílabo (11 sílabas métricas); rimas intercaladas abbaaccddc.
Acesso em 18-06-2017.